Wednesday, February 04, 2009

I wanna hold your hand

Ela é daquele tipo de mulher que todos param pra olhar. Isso desde os 13 anos, que foi quando a conheci.
A cara era de menina e os óculos fundo de garrafa, o que era um prato cheio pro meu humor negro.
Mas é que eu não tinha o que falar do corpo, não podia. Aliás, até hoje não posso.

A escola ficou muito mais divertida depois que a conheci. As aulas de dança também. A gente se amou de imediato.
Ela me ensinou a gostar de Beatles. Ela me apresentou os Beatles, me disse que eles eram 4 caras de Liverpool.
Ah, e ela me mostrou o Oasis também, era doida pelas bandas inglesas.
Pouco tempo depois a gente se vestiu de preto, pintou os olhos, as unhas, botamos o all star que na época nem era velho, e fomos pras festinhas de Rock.
Foi uma fase e tanto. Eu comecei a beber e provei o que me era de direito. Ela não, tinha um estômago problemático, e no fundo... sempre foi caretinha.
A festa de 15 anos dela foi a minha. O tango dela foi o meu. O vestido vermelho, eu vesti só por causa dela. Era o nosso dia, o nosso momento, a melhor fase de nossas vidas.
Subimos no palco, roubamos o microfone do cantor que eramos apaixonadas (coisa de menina) e cantamos Beatles, porque era a NOSSA banda, a NOSSA música.
O inglês dela sempre foi melhor que o meu, não é à toa que ela começou a dar aula aos 16 anos. Acho que estudo essa merda até hoje só por causa dela. Porque ela que falava da importância, ela que praticava comigo, ela cantava comigo.

Quando brigamos e eu me dei conta do quanto tinhamos nos afastado, fiquei de cama por um dia inteiro. Disso ela não sabe, mas fiquei.
Eu sempre fui orgulhosa demais pra admitir minhas fraquezas, ou ir atrás dela. Cabeça de menina.
Demorou, mas voltamos a nos falar. Nós já estavamos em outra fase, arrumando as coisas pro vestibular. Fomos pra cidades diferentes.
Mas quando coisas bonitas me aconteceram, foi pra ela que escrevi uma carta de 4 páginas pra contar tudo com detalhes. E já era época do e-mail!
Os anos vão passando, hoje cada uma vive a sua vida.
Mas eu tenho que falar, meu coração ainda mora no dela. A alegria de revê-la ainda é a mesma.

Eu sempre me gabei por influenciar minhas amizades, por ensinar coisas, por ser referencial.
Mas pra ela... o que foi que eu ensinei? Talvez uns dois passos de gafieira, pra depois ela ser melhor dançarina do que eu.
Pra ela eu não ensinei nada, não influenciei nada.
Porque foi com ela que eu aprendi metade de tudo que eu sei.

Como é de praxe, canto pra ela Beatles no dia 4 de fevereiro.

"Yeah, you've got that something,
I think you'll understand.
When I'll say that something
I wanna hold your hand..."

5 comments:

fjunior said...

é uma bela declaração de amor.

Anonymous said...

Você ainda é uma das pessoas que mais desperta emoções e sensações em mim...Fazia um tempo que eu num chorava por algo boom, um aperto gostoso no coração...Uma nostalgia boa...Isso foi lindo e até o Bruno se emocionou e admitiu que a música de fundo ainda tava ajudando (tinha um muleque tocando violino na tv)...Eu vou salvar isso, e lembrar disso pra sempre...Eu te amo, "together we are invincible" (pra provar que deixei de lado as mágoas pelo show do MUSE depois desse post...(+ou-) Rsrs...EU, TE, AMO, e te amar verdadeiramente me basta pra te manter inesquecível, imutável, inseparável de mim!

=** no meu umbiguinho lindo!

Adahra Satine. =)

NiNah said...

Que lindo. Através do Gamella cheguei aqui. Fiquei emocionada porque me fez lembrar de uma amiga querida.
Bjo

Anonymous said...

lu, todas as coisas que você escreve são sempre tão doces. :)

Cora said...

Lindo! Lindo!
Parabéns à Adahra!