Friday, April 25, 2008

Velhice.

Você percebe que tá ficando velho quando pensa em uma coisa importante, e meia hora depois não consegue lembrar dela, nem por um segundo, nem por nunca mais.
Você percebe que tá ficando velho quando precisa de um cantor ridículo, mas que descreve a tua alma, pra te fazer inspirar, pra te fazer escrever, externar e procrastinar.
Aliás, você percebe que tá ficando velho mesmo quando nem procrastinar você consegue, porque o tempo não te permite, porque a tua vida tá corrida demais pra fazer qualquer coisa miúda que seja.
Você percebe que tá ficando velho quando trabalha mais do que estuda.
Você percebe que tá ficando velho quando trabalha mais do que dorme.
E principalmente, você percebe que tá ficando velho quando tem tempo pra dormir, mas não consegue. A insônia é o principal sintoma da velhice.
Você percebe que tá ficando velho quando as músicas antigas te remetem momentos únicos que nunca voltarão, e quando você acha que todas as bandas novas que surgem todos os dias não se comparam nem um pouco com o que é música de verdade. Aliás, o conceito de "correto" e de "verdade" é algo que só a velhice te dá. E muitas vezes errado.
Você percebe que tá ficando velho quando acorda agitado, resolve mil coisas num só dia, e não para nem no momento de descanso. E você percebe de uma maneira desesperadora que tá ficando parecido com a sua mãe, com aquela inquietação irritante, que você se prometeu que nunca teria. Pior ainda, você realmente já está velho quando se dá conta de que parece mais com os seus pais do que gostaria. O que é mais desesperador, irritante e perturbador do que tudo que já foi citado acima.
Você percebe que tá ficando velho quando faz coisas boas, e não espera nada em troca.
Você percebe que tá ficando velho quando as coisas não te abalam mais, e que você alcançou a tão esperada maturidade.
Você percebe que tá ficando velho quando você deseja a felicidade de quem você ama, mesmo que não seja correspondido.
Você percebe que tá ficando velho quando se olha no espelho pela manhã, e vê que tem uma ruguinha em baixo do seu olho, que até pouco tempo atrás não residia ali.
Porque você só percebe que ta ficando velho assim, de um dia pro outro, sem tempo de tomar fôlego antes.

Tuesday, April 22, 2008

Vai.

Morra.
Tenha um acidente de carro, pule da ponte, seja atingido por uma bala perdida.
Vai embora.
Mude de bairro, de estado, de continente, de galáxia.
Me deixa.
Me deixa pelo menos um dia sem ser tomada pela tua presença, que me faz sentir tão pequena.
Troque de roupa, mude de estilo, afogue os detalhes que me fazem entrar em desespero.
Remova as tatuagens, raspe a barba e o cabelo, desapareça.
Não ria das minhas piadas, não me dê atenção, não fale comigo.
Me ignore, me deixe.
Morra.

Antes não esqueça de devolver a minha vergonha na cara e meu amor próprio.
Meu sono e minha identidade musical e alcoólica também.
Não esqueça de me deixar ser aquela que eu era antes de você.
Mas por favor, não esqueça de morrer.

Por favor.

Wednesday, April 16, 2008

I love my brain.

I don't want to be buried in a Pet Semetary, I don't want to live my life again. Caralho, to parecendo um panda de tanta olheira. Eu não aguento mais essa rotina, tô parecendo um Zumbi, um robô. Que preguiça, de viver. Meu corpo tá fraco, acho que é por causa da má-alimentação, eu preciso comer direito. TO MORRENDO! Foda-se. Ai credo, que pessoa PEDANTE. Adoro essa palavra. Pedante. Pedante. Pedante. Ela veio me falar que Coca Cola faz mal, e perguntou se eu já botei um ossinho de frango em um copo de Coca, pra vê-lo corroer. E desperdiçar um pedaço de frango e um copo de Coca? Eu não. Só falta ela vir me falar agora que o hambúrguer do McDonalds é feito de minhoca, e que a boneca gigante da Xuxa que ela tinha quando era pequena encarnou algum EXU e tentou estrangular a família dela, enquanto ela dormia. Lendas Urbanas. Uma mais rídicula do que a outra. E se os meu problemas não fossem suficientes, eu ainda tenho que aguentar o pedantismo e as crenças primitivas dos outros. Deus, como eu amo essa palavra, PEDANTE. Tem uma fonética boa, eu poderia passar horas falando essa palavra. Pedante, Suvaco, Manolo. Lindas palavras. Babaca. Como tem gente babaca nesse mundo. Eu queria ser o Ciclope, e matar as pessoas com o olhar. Aliás, matar nunca foi tão preciso. Gente babaca tinha que morrer. Se mata, guria. Vai cuidar da tua vida. William, William was really nothing. The Smiths. Banda boa da porra. Pelo menos na lista de privações a música não entra. E que privações? Eu nunca me privei de porra nenhuma. Nem de Coca, nem de frango, nem de cerveja, nem de cigarro. Live fast, die young. Eu morro um pouco a cada dia mesmo, não importa como, tanto faz. E agora lá vem ela de novo. Tá falando que jogaram quebrante nela quando era pequena. DEUS, EU TENHO MESMO QUE AGUENTAR ISSO? Quebrante de cu é rola, que coisa primitiva. Agora ela vai me mandar um email de corrente dos 29 anjos que realizam um milagre em 15 minutos, aposto. Eu preciso dormir, que cansaço. E aquele bando de desgraçados não vão responder meu email, não? Malditos. Percam os dedões e as cordas vocais. Eu não vou fazer esse trabalho sozinha. Puta que pariu! Como assim eu tenho que providenciar zilhões de documentos pra amanhã? Merda de Finatec. Merda de Unb. Toda semana é essa putaria. Tomara que o Reitor morra também. Quero que vá todo mundo pra puta que pariu. Não me toca. Nossa, que horror. Que tpm. Quantos pensamentos maldosos. Ainda bem que me resta privacidade dentro da cabeça.. Já pensou se todos pudessem ler o que eu penso? Não gosto nem de pensar nisso.

Thursday, April 10, 2008

Recaída e Evolução - Parte 2

Ela já deu o primeiro passo.
Já desmistificou sua imagem santa, já reconheceu os defeitos e já deixou de se importar pelo menos um pouco.
Já não sonha mais, não imagina, não questiona, não comenta. Apenas deixa ser.

A não ser, claro, nas recaídas.
Nos pequenos momentos que se permite pensar no que poderia ser, na chance que talvez pudesse ganhar...
Mas é o talvez que a atormenta, é por causa dessa palavra que ela desistiu, e também por causa do nunca que vem logo depois.

Se ao menos os detalhes preferidos não fossem tão gritantes, se ao menos ele não criasse mais detalhes, se ao menos ela não se importasse tanto com eles, se ao menos os detalhes não fizessem a diferença...

O próximo passo é abandonar a incerteza, e recuperar a segurança, pra poder alcançar a indiferença.
Pra poder deixar de ter recaídas a cada sinal carinhoso.
Pra poder deixar de ter recaídas a cada sinal misterioso.
Pra poder deixar de ter recaídas e voltar a escrever sobre o mesmo assunto de sempre.

Mas pelo menos houve evolução.

Recaída e Evolução - Parte 1

"Com a mesma falta de vergonha na cara eu procurava alento no
Seu último vestígio, no território, da sua presença

Impregnando tudo tudo que
Eu não posso, nem quero, deixar que me abandone

São novamente quatro horas, eu ouço lixo no futuro
No presente que tritura, as sirenes que se atrasam
Pra salvar atropelados que morreram, que fugiam
Que nasciam, que perderam, que viveram depressa, depressa demais

A vida é doce, depressa demais.

E de repente o telefone toca e é você
Do outro lado me ligando, devolvendo minha insônia
Minhas bobagens, pra me lembrar que eu fui a coisa mais brega
Que pousou na tua sopa. Me perdoa daquela expressão pré-fabricada
De tédio, tão canastrona que nunca funcionou nem funciona... "


Lobão - A Vida é Doce

Sunday, April 06, 2008

bênção.

Ela para e pensa.
Não necessariamente nessa mesma ordem.
Mas as vezes deseja não pensar.
E por que não?
Essa pratica atual (entende-se que pensar nunca fora um de seus hábitos), tem lhe privado do que antes achava normal. Pura questão de valores reavaliados.
É difícil descobrir e aceitar que não pode fazer mais coisas que fazia no passado. E pensar se torna um peso, porque quanto mais ela pensa, mais deseja não pensar.
Ela olha e não entende.
Presente ali apenas o seu corpo, porque a mente.... na lua.
O professor fala, mas ela só escuta a voz da sua cabeça, que diz: "Ser racional não é legal", numa rima infantil.
De tanto pensar ela baixa a cabeça e dorme.
E quando acorda com um grito do professor ela conclui:
A ignorância é uma bênção.



escrito em 11 de novembro de 2005.

Friday, April 04, 2008

Muito de mim, no pouco que sou.

Muita coisa pra pensar, pouca vontade de externar.
Muita coisa pra escrever, pouco sentido pra fazer.
Muita coisa pra limpar, preguiça em dobro de viver.

Muita coisa pra fazer, pouco tempo de executar.
Muitas vontades pra realizar, poucos meios de ver.
Muitas sonhos pra afundar, pouca vontade de permanecer.

Muita fé pra exercitar, pouca paciência pra esperar.
Muita gente pra esquecer, poucas coisas pra ajudar.
Muito amor pra dar, pouca reciprocidade pra ocorrer.

Muita coisa pra aprender, pouca memória pra guardar.
Muito pra estudar, pouca coragem pra começar.
Muito pra se enxergar, poucos olhos pra crer.

Muitas derrotas pra acontecer, poucas vitórias pra incentivar.
Muita coisa pra concretizar, pouco dinheiro pra viver.
Muitas barreiras pra ultrapassar, pouca força pra vencer.

Muita vontade de desistir, pouca coragem pra tentar.
Muitos porres pra tomar, pouco estômago pra aguentar.
Muita coisa pra viver, pouco de mim pra esperar.