Monday, March 31, 2008

Brasília não se importa - Parte 2.

Essa cidade... não é mais a mesma.
As vezes eu me pergunto se ela ainda é minha.
Sim, Brasília é minha.
Eu já cantei alguma vez pra você "Nós temos uma cidade para amar"?
Não? Poxa, que pena. É porque você não é digno de Brasília.
E nem da minha cantoria.

Nova Iorque pode ser tema de canção, pode ser contraste, pode ser fusão, mas uma coisa ela não tem: O avião.
É que Brasília me faz criar rimas medíocres.

Quinze anos atrás, quando eu cheguei, não podia nem imaginar que seria doutrinada e discipulada à solidão local, e que aprenderia amar a seca que faz o meu nariz sangrar, mas que deixa meu cabelo lindo... Brasília me agrada principalmente na seca.
A infância foi brincando no Parque da cidade, circulando de patins nas entre-quadras, e andando de bicicleta debaixo da passarela do Eixão.
Foram as pernas roxas que me fizeram morrer de amores por Brasília, e não as músicas do Legião.
Aliás, artista nenhum fez a minha cabeça... Porque a Capital deixou de ser a Cidade do Roque tem muito tempo...

O metrô também é uma pornografia, mas as calçadas são impecáveis.
Aqui nada depende de mim, muito menos as luzes.
Nova Iorque pode até se importar com você, mas uma coisa é certa:
Brasília não te dá a mínima.

Brasília não se importa - Parte 1.

"I had seven faces
Thought I knew which one to wear
But I'm sick of spending these lonely nights
Training myself not to care
The subway is a porno
The pavements, they are a mess
I know you've supported me for a long time
Somehow I'm not impressed

But New York cares..."

Interpol - NYC

Sunday, March 30, 2008

Última vez - parte 2.

Paradoxo.
Um oceano de sentimentos, de vivências, e situações, se resumem em apenas uma palavra. Paradoxo.
Que se você for parar pra pensar, não tem significado definido, não é nem lá, nem cá, é divergente, é discordante, é discrepante.
E que se EU for parar pra pensar, se resume em mim. Uma gama de palavras que no fim são a mesma coisa.

Parece o mais puro clichê da existência humana, alguém dizer que é o contraste em pessoa. Mas eu nunca pensei que pudesse ser essa antítese, esse devaneio. Eu nunca pensei que eu pudesse amar e odiar tanto alguém. Nunca.
Os anos vão passando, a situações vão se repetindo, e a trajetória de pseudo-paixões não-materializadas e sequer correspondidas tem sido massante. Pra mim já deu. Eu cansei.
Carregar isso nas costas já devia ter me feito ao menos aprender a lidar com essa situação que sempre se repete... Mas não, o alguém em questão é diferente de tudo que eu já me deparei. E o que dói mais não é nem a rejeição, é falta de consideração. É saber que ele pode ser a criatura mais dócil do mundo, mas que ele não me escolheu pra demonstrar os bons sentimentos. E aquelas músicas de perdedores não saem da minha cabeça, que vai de Lenine a Pearl Jam, numa mistura de "Por que não eu?" com "Por que você não pode ser a estrela do meu céu?", mas o Por Que sempre está presente...
Mas do que importa, se eu já desisti?
Hoje, eu jogo a toalha.
Hoje, ele já não faz parte dos meus sonhos e ilusões.
Hoje, eu vou apaga-lo.
E que comece então a fase de desamor.
Porque hoje, é a última vez que eu choro por ele.

Última vez - parte 1.

"Acendeu um cigarro para que o oxigênio lhe corresse mais limpo no sangue - a gente acredita nas mais loucas tolices para sustentar alguns vícios.

Como o vício de se entregar prontamente a cada nova relação sem pensar no que isso pode nos levar. Esperamos, claro, sempre o melhor. Aliás, não esperamos, temos certeza do melhor, porque a cegueira do amor não vê defeitos não é mesmo?? "Como que algo tão bom não irá durar??". Oras, porque as coisas nem sempre são assim... tão simples. Ou as vezes são e nossas depressões constantes com o término das coisas é que fazem com que elas pareçam tão complicadas.

Era óbvio que ele, mais uma vez não conseguiria passar por tudo aquilo com a clareza que se espera de alguém que faz do pensamento sua forma de viver. Mas, na verdade, clareza é algo que só existe para os ignorantes...

Nessas de se entregar prontamente a tudo com a intensidade de algo certo tem seus riscos. E alguém que corre riscos deve acostumar-se com eventuais derrotas - as vezes mais freqüentes do que eventuais.

Pensou... "Nessa idas e vindas... de se entregar e se perder no outro... a gente se mata um pouco a cada dia". Assim como um trago de cigarro lhe destrói, também o faz o amor a quem ama demais... Então.."porque me culpar?"... se de uma forma ou de outra vou morrer mesmo. Seja de uma forma ou de outra, com um trago ou um beijo, morro um pouco a cada dia.

Não se culpou mais com os maços de cigarro aos quais se entregava diariamente, deixou ser. Encerrou, sentado àquela mesa, mais um cigarro e mais uma derrota.

Dormiu bem..."

Texto: Bruno Guerra.

E hoje ele combina perfeitamente.

Tuesday, March 25, 2008

Minhoca Minha

Eles se conheceram numa quarta-feira.
E firmaram o palco que seria a testemunha e o estímulo das heresias, profecias, e divagações de uma próspera amizade: a mesa de bar.
Ela saiu de casa aquele dia pra tornar real o que já nem acreditava que pudesse existir, porque placa de Unaí se vê em Brasília mais que placa de retorno, mas daí encontrar um ser humano correto, educado e politizado só podia ser miragem de oásis no deserto de outubro do Distrito Federal.
Ele era curiosidade na cabeça dela. Mal sabia ele que a roraimense já tinha escutado parte de suas histórias vergonhosas, e que já tinha até se divertido à custa dele por causa disso. E ele nem era o objetivo da noite... Aliás, nem do dia. O feriado era pra ter sotaque carioca e nortista, e não das porteiras das terras de peão e rodeio.
Ela saiu de casa vestida pra batalha, mal sabia o que podia encontrar no percurso ou no destino, na dúvida, e na seca, nunca se arrisca. Deixa a alça do sutiã aparecer, que é máximo que ela sabe fazer pra provocar o sexo oposto. E vestida que nem piranha ela chega no bar, faz cara de paisagem, acha a mesa e senta. Pronto, hora do abate.
A mania de perseguição cognitiva nunca culminou daquele jeito. Por fora um sorriso e uma maquiagem impecável, mas a mão suava, e seu coração abraçara o pâncreas adoentado.
E ele veio de brinde.
Ele não, eles.
Porque tinha outro lá, uma das criaturas mais insanas, afetadas, e amorosas que ela teve o prazer de encontrar em sua sobrevivência.
Eles se olharam, e pronto. Não se sabe como foi pra ele, pra ela foi amor à primeira vista.
Eles se gostaram de graça, e olha que ela gostar de alguém assim, é quase como ganhar na loteria. E num pequeno gesto de cavalheirismo, que nem é comum pra ele, ela se encanta. Um simples copo de cerveja, ele deu o dele pra ela, e regou a rosa do Pequeno Príncipe.
Se conhecerem, se adoraram, embebedaram, e dançaram. Cansados sentaram no chão, e meia dúzia de palavras apenas foram ditas. Nada mais precisava ser comentado.
A noite acabou.
Ele ganhou diversão.
Ela alcançou objetivos, e resgatou sentimentos.
Ele ganhou uma amiga.
Ela ganhou mais anos de vida.



Pro Mauro. Tinhamo.

Monday, March 17, 2008

Falta de metodologia.

Eu, como designer, tenho meus métodos para conduzir meu raciocínio para resolver os problemas e desafios de design que tenho diariamente.
Acredito que os jornalistas, aqueles que eu suponho que vivam de escrever, devam ter a sua metodologia também. Isso, talvez fosse a única coisa que me atrairia caso eu fizesse tal curso. Como essa matéria deve ser nos primeiros semestres, depois de fazê-la eu largaria o jornalismo, antes que a crise-existêncial-jornalistica batesse à minha porta.
Tal metodologia me ajudaria muito, como hoje, que estou até inspirada pra escrever algo, mas não sei o que falar, nem como começar, fazendo cair por terra aquela imagem que as pessoas tem do designer, de ser uma pessoa "extremamente criativa".
Pensar tem sido difícil pra caramba.
Me passou pela cabeça como seria lindo se houvessem metodologias para tudo na vida, o passo-a-passo pros problemas financeiros, pros fracassos amorosos, para a boa convivência em sociedade. Já pensou? Ia ser tão prático, principalmente porque com o aumento da inclusão digital, e o fácil acesso à internet, existiriam tutoriais disponíveis pra download!
De repente, todos os nossos problemas acabariam, depois de uma procura no google! Isso que é um pensamento moderno, não é mesmo?
E como seria quando acabasse os assuntos? Quando tudo que eu penso e que me inspira é um ser humano que não dá a mínima pra mim, que me despreza e se preocupa comigo ao mesmo tempo, fazendo da minha vida um paradoxo estacionado em cima do muro?
Dizem que os amores complicados e impossíveis são os que valem mais a pena, e eu até concordaria se a balança não pesasse mais no lado do sofrimento, se não doesse toda vez que eu penso nisso, e se os pensamentos não ficassem tão sem nexo como esse texto, que começou falando de métodos, e agora fala de amor.
É, amor.
Se não for isso, é o que?
O que explica eu gostar até dos defeitos, das manias irritantes, das piadinhas sem graça e dos cortes de cabelo e barba, um mais feio que o outro? É amor, meus amigos.
Daqueles que se fossem correspondidos, seria tema de novela.
E se é amor, o sentimento de incompetência, de impotência, e de inexperiência são o quê?
Falta de metodologia.

Monday, March 03, 2008

nem é

Dá pra entender?
Dá pra entender por que eu sou estranha assim?
Por que eu gosto de me trancar no meu mundo, e odeio quem possa me assistir ao vivo?
Por que a palavra solidão agrega tanto valor negativo?
She´s my best friend...
Cadê aquela segurança que a Bruna falou que eu tenho?
Cadê o controle emocional?
E depois de tanto ódio, tanto incomodo, eles foram e eu fiquei.
E chorei sozinha, vendo minha criança indo embora.
Tô sentindo falta do barulho, do choro, e da conversa sem nexo.
E escutar aquela vozinha dizendo "titia! cavalo! peixe!", não exatamente nessa ordem, mas várias vezes por dia.
Eu escolhi assim, eu sempre quis estar aonde eu estou.
Agora eu sou só trabalho e só Interpol.
E nem é TPM.